Olá tripulantes do NAVE, tudo bem? Nessa aula vamos conversar sobre Anestesia Inalatória. Ela é uma das principais técnicas anestésicas e tem uma característica única, que é a de ser administrada exclusivamente por via pulmonar. Como vantagens temos a facilidade em promover mudança de planos, recuperação rápida e praticamente não sofrer biotransformação.
Características fisico-químicas
- Pressão de vapor: Quanto maior a pressão de vapor, mais fácil será vaporizar o anestésico. O isoflurano é mais fácil de ser vaporizado (240mmHg) que o sevoflurano (160mmHg). A temperatura e a pressão barométrica também podem influenciar a vaporização; quanto maior a temperatura, mais fácil vaporizar. O inverso ocorre com a pressão barométrica.
- A solubilidade é importante para entendermos sobre o ponto de equilíbrio do anestésico em cada meio biológico. O coeficiente de partição sangue/gás (CpS/G) nos mostra qual é o equilíbrio entre as concentrações de anestésico no sangue e nos alvéolos. Quanto maior o CpS/G, mais demorado será para saturar o sangue e, com isso, mais lenta será a indução anestésica. O mesmo ocorre com o retorno anestésico.
- A Concentração Alveolar Mínima (CAM) é a concentração mínima necessária para abolir a resposta motora por um estímulo doloroso supramáximo em 50% dos indivíduos. Em teoria precisamos de 1,3CAM para manter 100% dos animais anestesiados. Esse valor é teórico e vários fatores podem influenciá-lo, como a associação de medicamentos e a fisiologia do paciente.
Efeitos Fisiológicos
A depressão cardiovascular promovida pelos anestésicos inalatórios é dose-dependente. Verifica-se queda de PA, VS e DC. O efeito com o halotano é mais pronunciado que com o isoflurano. O sevoflurano é o melhor dos três nesse aspecto. Basicamente todos os anestésicos inalatórios promovem depressão respiratória, dose-dependente.
Toxicidade
- Hepática: O halotano tem, em média, 25% de biotransformação, que gera o ácido trifluoroacético, que é hepatotóxico. Ele promove diminuição do fluxo sanguíneo hepático e hepatite imunomediada. Esses efeitos são raramente vistos com os outros anestésicos.
- Hipertermia maligna é uma síndrome farmacogenética que pode ocorrer com alguns pacientes submetidos à anestesia inalatória, geralmente com o halotano, mas raramente com os outros anestésicos.
Poluição Ambiental
- Ambiente cirúrgico: É mandatório a remoção do anestésico do ambiente cirúrgico, por meio de sistemas passivos ou ativos. Porém, o escape de anestésicos também pode ocorrer na indução por máscara, vazamento da sonda endotraqueal e sistema anestésico, no preenchimento do vaporizador e, principalmente no retorno da anestesia.
A contaminação da sala cirúrgica pode gerar problemas na equipe cirúrgica, como déficit cognitivo, motor, náuseas, cefaleia, irritação dentre outros. Ainda que alguns estudos verifiquem maior taxa de aborto em mulheres que trabalham em ambiente cirúrgico, não foram verificados nem atividade teratogênica, nem mutagênica.
- Atmosfera: O halotano (contem Br e Cl) e o isofluorano (Cl) agridem a camada de ozônio. Já o sevo e desflurano não promovem esse efeito. Porém, todos os anestésicos contribuem para o efeito estufa. Estudos teóricos mostram que meia-vida do sevoflurano na atmosfera é de 1,5 anos, do isoflurano por volta de 3,5 anos e do desflurano, mais de 10 anos.
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Material Adicional
- Carregaro AB, Luna SPL. Farmacologia dos anestésicos inalatórios. In: Barros CM; Di Stasi LC. Farmacologia Veterinária, 2012, 43-52.
- Soares JHN. Anestesia Inalatória. In: Luna SPL, Carregaro, AB. Anestesia e Analgesia de Equideos, Ruminantes e Suínos. 481-509, 2019.
- Steffey et al. Inhalation Anesthetics. In: Grimm et al. Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia.297-331, 2015.
- doi.org/10.105...
- bjanaesthesia....
- doi.org/10.246...
- 10.1213/ANE.0b013e3181e058d7
Créditos adicionais
Música Final - Level Up - Quincas Moreira
Animação de botões - @Savio Ferraz
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Adriano Carregaro
Coordenador do NAVE - USP Pirassununga/SP/Brasil