No dia 02 de setembro de 1945, o navio Duque de Caxias, levava a bordo um regimento composta 162 oficiais e 1.636 sargentos e soldados, parte da Força Expedicionária Brasileira, a FEB, que lutara na Itália se saindo vitoriosa durante a segunda guerra mundial. Vindo do porto de Nápoles com destino final ao Rio de Janeiro, fundeou frente a Cascais cidade litorânea de Portugal. Na tarde desse mesmo dia, singrando pelas águas do Rio Tejo, movimentou-se para "Doca do Espanhol" junto à estação sul a sudeste do Terreiro do Paço, em Lisboa.
No dia 03 de setembro de 1945, os irmãos lusitanos prepararam um belíssimo desfile para os brasileiros com mais de 14.000 soldados, viaturas militares de diversos tipos, regimentos de infantaria e cavalaria, caças dando rasantes e singrando os céus, a população enchia as ruas de Lisboa forrando o caminho com flores, dezenas de pombos foram soltos, entre outras belas ações.
O regimento expedicionário era comandado pelo Coronel Mário Travassos, começou o desfile sob a direção do Major Joaquim Inocêncio de Oliveira, tendo a honra de ser o porta-bandeira, o segundo tenente Carlos Lopes Cardoso. Os brasileiros desfilaram saindo do Terreiro do Paço, passando pela Praça do Comércio, pelo famoso Arco da Rua Augusta, seguindo até Praça do Rossio, depois até a Praça dos restauradores, subindo a Avenida da Liberdade até chegar a Praça do Marques de Pombal, caminho repleto de monumentos esplendorosos, construções impressionantes e praças e avenida largas.
O General António Óscar Fragoso Carmona, presidente da república portuguesa, condecorou a bandeira do batalhão de infantaria da FEB com a Medalha de Valor Militar em grau de Ouro, a mais alta condecoração portuguesa, uma honraria única. O jornal da capital “Diário Popular”, publicou no mesmo dia re referindo ao evento como “uma epopéia jamais vista em terras lusitanas”.
À noite, foi oferecido um jantar com fado para oficiais brasileiros e portugueses e em outro local um para os sargentos. Depois na Feira popular, militares e civis se misturaram numa confraternização jamais vista. Foram muitos os praças brasileiros que fizeram amizade com os portugueses e saíram para aproveitar a alegria e boêmia na bela Lisboeta.
No outro dia, na despedida, vou usar da narrativa do veterano José Conrado de Souza: “Na manha do dia seguinte, na hora da partida, no porto, o povo português, aglomerado ao longo do cais, prestigiou a despedida dos brasileiros com o mesmo calor com que os recepcionou. À medida que o navio se afastava, ainda no Rio Tejo, via-se cada vez mais distante a massa de lenços brancos acenando. Era o adeus de Portugal. O “Duque de Caxias” lentamente ganhou a foz, empinou a proa para o sul, acelerou a marcha rumando, finalmente, para o Brasil, depois de dois dias inesquecíveis em que nos sentimos acarinhados pelos nossos irmãos portugueses.”
Em 2016 estive em Lisboa na Praça Marques de Pombal, com uma réplica do uniforme usado pelos expedicionários e bandeira em homenagem a FEB, um singelo ato pela memória desses notáveis. Tem a descrição e fotos no link do facebook abaixo:
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