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Eu estou aqui no maior complexo de comunicações via satélite do Brasil. A Estação Terrestre de Morungaba, construída na década de 80 pela EMBRATEL.
A história de hoje é sobre o Progresso. Essa força onipresente e imparável, que impulsiona a humanidade mas ao mesmo tempo, descarta, sem dó, tudo aquilo que não mais lhe serve.
#embratel #satélite #morungaba
Vem conhecer o auge e a decadência do que, um dia, foi a jóia das telecomunicações no nosso país.
Era o início da década de 80, e o mundo vivia o avanço exponencial nas telecomunicações. Satélites já haviam deixado de ser ficção científica para se tornar importantes ferramentas de integração mundial.
Antes dos satélites, uma mensagem ou uma imagem de televisão poderia demorar dias pra ser enviada. Com a chegada da nova tecnologia, estas mesmas mensagens e imagens chegavam quase que instantaneamente: Nascia a Globalização.
Claro que o Brasil não poderia ficar de fora dessa revolução tecnológia, mas para isso precisariamos investir na construção de um sistema robusto de recepção e transmissão de sinais.
Ainda durante o governo militar, tem início os estudos para a escolha do melhor lugar, num raio de até 100km de São Paulo, para a instalação de uma grande estação terrena.
O Local escolhido foi Morungaba, uma pequena cidade no interior, que possuia as características ideais para a instalação das antenas. O complexo foi construído no fundo de um vale, rodeado de montanhas. Esse relevo peculiar servia como escudo natural contra interferências eletromagnéticas.
Em 1986, com a presença do então Presidente da República, José Sarney, o complexo é inaugurado e inicia suas operações.
Pelos próximos 12 anos, mais da metade de todo o tráfego internacional de sinas de televisão e telefonia do Brasil passaria por aqui.
Foi por estas antenas que o Brasil viu, ao vivo, os três títulos mundias de Ayron Senna, e também sua morte na Itália, em 1994.
Se você fez uma ligação internacional entre 1986 e 1998, é bem provavel que sua voz tenha passado, também, por estas antenas.
É importante notar que estamos falando aqui de tecnologia dos anos 80. Por isso a necessidade de antenas tão grandes. Outro ponto importante de se falar é que os sinais que trafegavam por estas antenas eram analógicos.
E talvez este tenha sido o calcanhar de aquiles desta instalação. Ela foi projetada num mundo analógico, que rapidamente se digitalizou. E como eu falei lá no começo do vídeo, o progresso é implacável. Em apenas uma década, o que era tecnologia de ponta virou equipamento ultrapassado.
A partir de 1996 a demanda pelos serviços da estação terrena de Morungaba diminui bastante, e em 1998, sem utilidade, ela encerra suas atividades.
E o que resta hoje, como vocês estão vendo, são apenas ruínas se degradando ano após ano.
Em 1995 eu fazia colégio técnico de "PD", ou "Processamento de Dados". Me lembro de ter vindo aqui neste local em uma visita com a escola. Grandes equipamentos, paredes recobertas de televisores, funcionários indo e vindo..... e hoje, assim: tudo vazio e abandonado. Chega a ser melancólico.
Uma outra história interessante minha com este local é a de uma fotografia que me levou mais de um mês pra fazer. Foram semanas de planejamento pra uma foto que levou 10 segundos pra ser realizada.
Eu sempre tive uma queda por audiovisual, como vocês podem perceber pelos videos que eu coloco aqui. E um de meus hobbies é fotografia.
A minha intenção era capturar a via láctea, que é vista aqui da terra como um aglomerado de estrelas e poeira espacial, interagindo com as antenas.
E fazer isso não é simples. Primeiro porque pra capturar a via lactea você precisa de escuridão total, e segundo pois devido às movimentações do planeta terra e do próprio céu ao longo das estações do ano, são poucas as oportunidades de se ter a via lactea exatamente onde eu queria.
Eu sabia com certa antecedência que o momento certo seria às 22h35 do dia 14 de Agosto de 2015.
Sai de casa as 8 da noite. Dirigi uma hora até aqui. A escuridão era total. Pulei uma cerca de arame farpado e tecnicamente inviadi uma propriedade privada pra posicionar a câmera no local correto.
Adicionalmente, eu precisava iluminar as antenas senão apareceriam como um borrão preto na foto.
Então, durante o clique da câmera - que durou 10 segundos - eu iluminei as antenas com uma lanterna.
E o resultado foi este: Exatamente como eu queria. A via láctea, nossa galáxia, é vista como um jato cósmico de planetas, etrelas e poeira sendo ejetados da antena.
Deixa aqui nos comentários o que você achou da foto.