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Toda vez que alguém propõe o debate entre traição ou não traição de Capitu, o Mestre Machado certamente sorri onde estiver, dizendo; eu consegui...

Traiu e não traiu ao mesmo tempo. É literatura de Schrödinger.

Machado de Assis em 2019 estaria rindo da cara de todos nós

A melhor aula que tive de literatura no ensino médio foi quando meu professor falou sobre as teorias a respeito desse livro. Depois de passar por estudiosos da obra no século passado que defendiam que a Capitu havia traído Bentinho e outros que defendiam que ela não havia traído, ele falou sobre uma pessoa que havia chegado numa conclusão diferente desse dualismo. Primeiro, nós não conhecemos Bentinho, Capitu, ou qualquer outro personagem do livro; a vida deles não nos afeta, e mesmo assim estamos discutindo essa suposta traição há décadas, e justamente essa seria a mensagem de Machado de Assis para nós: as pessoas sempre querem saber sobre a vida alheia, mesmo quando nada daquilo lhes diz respeito; sempre foi assim e sempre vai ser. Machado de Assis foi um gênio por deixar um mistério insolúvel, com pistas para ambas as respostas, para que continuemos debatendo pra sempre.

A academia diz que a obra não é sobre traição, mas sobre a loucura do ciúmes. Dom Casmurro é o Otelo brasileiro.

É bizarro como a gente tá num contexto tão fraco no que diz respeito ao estudo da Língua que as pessoas não sabem a diferença de um texto literário pra um referencial. Bentinho não tá ali como um jornalista que relata o fato, que faz a referência do que aconteceu mas sim como alguém que participou da situação. Ele não tem qualquer dever de tentar ser imparcial como um jornalista o seria.

Que delícia essa discussão séria sobre literatura de verdade, num canal desse tamanho. Que bom que voltou a questão da Capitu para gerar isso. Obrigada por esse presente de sábado, Henry!

Machado sempre sendo atemporal, dando risada da nossa cara kkkkk muita boa a análise!! :)

A questão não é se Capitu traiu ou não, e sim que nós lemos uma história de traição que tem UM ÚNICO PONTO DE VISTA, o qual é do Bentinho, um homem ciumento, inseguro e mimado. Todos personagens (senão me engano, exceto um que não é a Capitu), nós conhecemos pelo seu ponto de vista, e como ele nos conta a história com o veredito pronto, a Capitu não é vista sem o seu preconceito . Ou seja, nós julgamos uma mulher, a qual nunca conhecemos, e que é descrita somente pelo acusador do adultério. A pergunta, portanto, não é se Capitu traiu Bentinho e sim: Alguém gostaria de ser julgado assim?

"Não traiu, mas Bentinho merecia." _Carpinejar_

1:02 Sobre a mensagem do Leon, é o que eu chamo de Síndrome de Adão... um homem puro e inocente que foi expulso do paraíso por confiar nas megeras da Eva e da cobra, tadinho, uma vítima

O mais importante não é se houve traição ou não. Não tem como saber. O interessante é a construção da narrativa tão bem estruturada a ponto de deixar essa dúvida no leitor.

A resposta é a genialidade de Machado.

Nooossa! Não aguento mais ouvir falar disso! Minha turma vai fazer uma peça teatral do livro( eu sou o escobar)

Em A Missa do galo, houve algo entre Sr. Nogueira e Dona Conceição? Machado de Assis é o máximo!

Eu acho que não é uma questão de "expectativas" que as pessoas têm do livro, mas de analisar realmente a obra e formular suas próprias opiniões. As Crônicas de Gelo e Fogo, do George Martin, fez muito sucesso não só por causa da série, mas porque é um tipo de livro que o autor deixa MUITAS pequenas dicas e rastros sobre acontecimentos. O livro jamais diz que os personagens Loras e Renly são homossexuais, mas a gente consegue concluir isso por essas dicas que o George Martin deixa. Nesse caso, pra mim o Machado deixa bem claro o quanto o Bentinho era completamente bitolado, o que refletia muito a sociedade patriarcal da época e a insegurança masculina que permanece até hoje. Lembro até hoje de um trecho que o Bentinho ainda era jovem, mas que ao ouvir de um terceiro (terceiro malandro, inclusive) que diz que ela abanou pra um cara passando a cavalo na rua, fica completamente doido e quer estrangular a Capitu e perguntar para quantos mais ela "se ofereceu" ou algo do tipo. Por isso achei esse tweet do Leon bem machista sim, culpando a mulher por ter deixado o Bentinho "ranzinza", sendo que ele está assim por ser completamente doente e obsessivo, embora a sociedade patriarcal da época também tenha sua parte nisso.

Bentinho era maluquinho,ciumento!

Concordo totalmente!!! O foco da obra é a casmurrice e a amargura de Bentinho!!! Ele era um homem amargurado, fechado, introspectivo, casmurro!!!!! As passagens, que parecem comprovar a traição, não passam de comprovação da tese da casmurrice de Bentinho!!!!!

Henry, faz um vídeo sobre o Che Guevara, por favor. Acredito que terá ampla visibilidade. É notória a campanha de desmoralização que a mídia faz contra o Che Guevara. Por que ele incomoda tanto? Por que ele cativa tanto? Por que não querem que se estude sobre a vida do Che? Qual o perigo que ele representa para o status quo? Que paralelo podemos traçar entre Che e Gandhi? Che e Espártaco? Che e Mandela?

Vc estudando dom casmurro, vc sabe mais coisas do Bentinho que a capitu

Bentinho chorava mordendo o travesseiro! Ele tinha inveja da Capitu. Queria SER a Capitu. Por isso se tornou casmurro

1° é impossível saber, só temos o ponto de vista do Bentinho 2° pouco importa. Dom Casmurro é uma esplêndida retratação das pessoas e sociedade da época, e o tema do adultério é o menos interessante. fazer o "julgamento da Capitu" é um jeito muito clichê e limitado de analisar a obra

Concordo demais, se ela traiu ou não ninguém jamais saberá a realidade do fato. Eu diria que o livro de fato é sobre o "fantasma" da paranoia. Recorrente em muitas obras e extremamente eficaz, mostrando como o ser é suscetível e maleável ao que acredita, e também como pode ser pernicioso se der muita atenção paranoia. Infelizmente muitos se prendem apenas aos dramas dos personagens.

O Tolkien tem um Termo específico para essas construções de Narrativas Infinitas só não recordo do nome agora. Além disso, o livro que estou lendo é Os Fundamentos da Aritmética de Frege. 👍👍👍

O livro que eu estou lendo é "Introdução ao Pensamento Filosófico" de Karl Jaspers. É o primeiro livro de filosofia que estou lendo e tô gostando até.

A melhor a análise dessa obra é a do Milor Fernandes. Bentinho era gay por isso vai pro seminário, como ele não quiz ficar por lá a mãe casa ele com a filha do vizinho de posição social inferior pra manter as aparências, a treta toda se dá pq o Escobar, verdadeiro amor de Bentinho morre e ele precisa puni-la por isso.

Machado de Assis não queria que o romance tivesse uma resposta, no sentido de Capitu ter traido ou não. Ele queria falar da sociedade de sua época usando a situação para expô-la.

Por incrível que parece, eu nos meus 43 anos decidi ler O mundo de Sophia. Minha filha tem 12 anos, leu e falou tanto do livro que decidi ler também. Comecei a poucos dias, mas o livro realmente é encantador.

Acho que ajudou a relaxar e sair um pouco da guerra política que vivermos ! Foi ótimo as explicações ... por mais debates sobre a literatura nas redes . Uma exceção : obras abertas tipo harry Porter onde a autora estabelece e define coisas que não estão nos livros ...

Muito boa a análise. Agora estou lendo Sapiens (Harari).

Acho, humildemente, que a cada vez que há alguma discussão sobre a possibilidade da traição de Capitu, Machado de Assis se contorce em risadas no túmulo. Sério, discutimos com tanta paixão uma narrativa de ponto de vista único, e justamente o ponto de vista do narrador-protagonista, que nem notamos esse foco narrativo de primeira pessoa, e colocamos toda sorte de experiências pessoais e achismos em nossa interpretação da obra. a discussão em torno desse tema, por si só, já é uma das ironias refinadas do Machado. Aliás, as ironias do Machadão flutuam sobre as obras dele com a leveza de um dirigível, mas com peso de chumbo... #machadodeassis

Cara, vc falou pra deixar uma recomendação de livro. Eu quero recomendar aqui o livro chamado A Rede de Alice da Kate Quinn pra comprar ele é só na loja da TAG, mas enfim... Cara é um romance histórico INCRÍVEL, vale muito a leitura.

Quem NÃO teve a força ler o livro do Machado de Assis (Dom Casmurro), não devia se meter na discussão e responder a pergunta se Capitu traiu ou não o Bentinho. Evita phoa. Deixa um like no vídeo da bela explicação do Bugalho e assista a entrevista lincada na descrição.

Obrigada por sua análise, já num aguento mas essa polêmica com a Capitu " EM NOME DA ROSA " e um livro incrível

O mais incrível é a sacada de deixar aberto suscitando diversas interpretações. O filme Burning do sul coreano Lee Chang-Dong faz isso muito bem. Uma história incrível com um leque de interpretações possíveis dependendo da criatividade e leitura de cada um. Adoro isso.

Sugestão de livro "Fahrenheit 451" o que mais gostei de ler esse ano

Lendo no momento: Um Cego em Buenos Aires (fiquei com medo de receber spoiler no vídeo hehe), The Bad Seed de William March, Neuromancer do William Gibson

Uma coisa é certa: Machado criou a história assim para justamente nos fazer pensar. Cada um pode imaginar aquilo que quiser, é o mistério que dá a tônica para a história.

O que importa é a narrativa e a dúvida, a desconfiança. Foi a grande sacada do mestre. Ela é mais preciosa que saber se traiu ou não. Que vida criamos e podemos criar baseados nas nossas dúvidas, inseguranças, insinceridades?

Sempre achei que era uma história sobre paranóia.

Também tenho uma teoria com zero embasamento, chamo de “teoria denorex”. A dicotomia Caputu e Virgilia (memórias póstumas) que pode ser comparada ao provérbio “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Lembremos que não há suspeitas pesando sobre Virgilia, nem honestidade.

Eu não ponho muita credibilidade na narrativa do protagonista, pois várias vezes ele comenta que não é muito bom de memória. No Capitulo LIX CONVIVAS DE BOA MEMÓRIA ele fala “Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias.”

Pra mim a resposta tá no próprio nome da obra: Dom Casmurro... nunca foi sobre se houve traição ou não e sim sobre a personalidade de Bentinho.

Excelente observação, Henry! No curso de Letras, por exemplo, de fato essa é uma questão superada. A Academia está menos preocupada em saber se houve traição ou não e mais em quão confiável é o narrador machadiano, na medida em que Bentinho é a única fonte de um relato que poderia ser compreendido de forma diferente se fosse narrado por Capitu ou Escobar.

Ver as coisas como elas se mostram, mesmo que não façam sentido ou não te forneçam uma resposta. Especular é sair da realidade. Excelente vídeo, como sempre!

A questão é que o mote do livro não é esse, nunca foi. Quem conhece a obra completa de Machado sabe que seus temas sempre são construídos em torno de uma ironia fina e o universo é percebido através da psicologia de seus personagens, desnudando as contradições da sociedade à época. Machado escreveu a obra sob a perspectiva de Bentinho no fim de sua vida, já cheio de rancor e moído pela dúvida que assolou sua existência. É, portanto, um relato claramente enviesado e por vezes doentio. Para ser simplista, é disto que se trata: do ciúme de Bentinho e como isso o tornou Casmurro.

Adorei. Aguardando o seu segundo canal sobre literatura.

Adoro Machado de Assis. Dom Casmurro foi o primeiro romance de Machado que li. Me apaixonei e segui conhecendo a obra do nosso grande escritor. O desfecho é fenomenal, porque a referência de quem leu é quem diz se Capitu traiu ou não Bentinho. Inclusive o mesmo leitor pode mudar de ideia, a partir da vivência que ele esteja tendo. Tô lendo República dos Mentecaptos, de Fernando Vita. Fantástico. Comecei a ler O Homem que Odiava Machado de Assis, mas não existe a versão completa em pdf, não pude continuar. A Editora Faro, infelizmente, não trabalha com ebooks, por incrível que pareça. E como eu não moro no Brasil, fica difícil comprar livros em papel. Enfim. É muito bem escrito, tô doida pra terminar (só tem as 30 primeiras páginas em pdf).

A leitura que cada um faz. A minha é: a mãe o queria padre, ele se perdturbava c o barulho dos saltos na calçada, se perdia manuseando os cabelos de Capitu. Ele amava o universo feminino. O filho de Capitu representava a traição. Mas a traição do homem que ele amou

Aaahhhh achei que ia saber finalmente. Já não é a primeira vez que acho que vou descobrir a verdade mas no final saio com tanta informação quanto eu tinha antes.

Henry , nos precisamos nos desenvolver mais culturalmente, para entender que os grandes autores fazem isto propositalmente para que nós obrigar a pensar, é assim com os filmes de arte, temos que imaginar várias alternativas para o desenrolar das situações.

Esse é o maior dilema, eu acho que não, a neura era só dele.

Saudações! Recentemente li "1984" e no momento estou lendo "O Conto da Aia", comendo ambos!! Uma boa leitura para todos.

Acho q essa discussão reflete bem a radicalização que existe hoje em dia. É sim ou não, não tem espaço para nuances, não tem espaço para um final aberto que cada um interpreta a sua maneira.

Li o livro recentemente e fiquei em choque ao notar - já sabia, na verdade, mas nunca tinha visto - que pessoas realmente brigam porque um pensa que Capitu fez aquilo e outro pensa que ela não fez isso. Galera, o livro é excelente e a melhor parte dele é este benefício da dúvida; Machado finalizou o livro com esta ponta aberta para o próprio leitor tirar suas conclusões e isso foi o máximo. Simplesmente o melhor livro brasileiro que eu tive o prazer de ler.

Varias obras acabam com essa pergunta em aberto, não só em livros, Cowboy Bebop foi um anime que terminou com uma incógnita que o autor sempre se recusou a responder , Nier Automata foi um game de 2017 que tinha múltiplos finais que eram na verdade finais parciais, somente um era verdadeiro e ele deixa um questionamento sobre o ciclo da existência e determinismo. Obras assim costumam se tornar clássicos. "A future is not given to you. It is something you must take for yourself." This quote from Pod 042 is actually the final line in the game at the conclusion of Ending E, or "the true ending

Muito interessante foi uma mini série produzida pela Globo, baseada em Dom Casmurro, passada em tempos mais atuais. Nela, o personagem do Bentinho, mesmo desconfiado, não pede exame de DNA pra se certificar que o filho que a personagem espera ( eu não lembro dos nomes usados na série) seria dele ou do amigo, mantendo a "dúvida" deixada por Machado. Assim, somos nós quem vamos individualmente interpretar. Pra mim foi uma sacada sensacional de quem concebeu a mini série.

Eu sempre interpretei que não era relevante ela trair ou não,mas a trajetória dos personagens ,como se desenrolou tudo.

Fogo de morro acima; água, de morro abaixo, e mulher quando quer... Pense, pense

Dom Casmurro é a história de um homem que não soube lidar com uma mulher independente, forte e bonita. Se sentiu fraco e frágil ao lado dela. E para se sentir melhor consigo e com o mundo, fez o que os homens fazem de melhor (?), tentou ofender e destruir a moral (odeio essa palavra) dela. E Capitu, maravilhosa, mesmo naquela época deixou o babaca e foi morar na Europa.

Realmente uma pergunta de quem não entende o objetivo mais profundo do texto. A intenção em nenhum momento foi estabelecer se Capitú traiu ou não, Machado de Assis não estava nem aí para a pergunta. O objetivo é construir o monstro do ciúme, como Isso corrói a pessoa por dentro, como a muda e converte amor em possesão e fúria. Busquem por Otello, de um tal de William.

Henry , admiro muito a sua sabedoria

Dom Casmurro foi um dos primeiros livros que li aos 12 anos de idade, quando adquiri o gosto pela leitura. Depois vieram: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Helena, Iaiá Garcia, Esaú e Jacó, A Mão e a Luva, O Alienista e outros. Para mim, o dilema da traição nunca será resolvido, pois acho que a intenção do autor foi exatamente esta, deixar a dúvida no ar. Atualmente estou lendo o volume 2 - “O VALE DOS CAVALOS” da saga “Os filhos da Terra”, constituído de cinco livros de autoria de Jean M. Auel.

Quem aí viu minha carequinha levanta a mão!!!

Machado propositalmente deixou aberto pq sabia que passaríamos séculos debatendo...rs

Mais literatura por favor, Henry! Pra gente manter nossa sanidade mental pq tá complicado suportar as notícias vindas do Brasil.

Adorei o tema. Estou lendo: Os Bruzundangas - Lima Barreto.

Li Dom Casmurro há muitos e muitos anos. Ainda na pré adolescência, por volta dos meus 12, 13 anos. Lembro que na época, quando terminei de ler, eu realmente acreditava, na minha visão machista daquele momento, que Capitu havia traído Bentinho. E ficou essa sensação. Hoje, deveria ler novamente para ver se essa sensação persistirá.

Muito bom assistir vídeos seus Henry, sinto que estou estudando enquanto me entretenho

Um detalhe importante é que como o livro é narrado pelo Bentinho, a gente tem a perspectiva do ciúme dele, ou seja, somos tentados a crer que ela o traiu. E se o livro tivesse a versão da Capitu? Aí teríamos uma visão totalmente diferente. Bentinho contou a história em sua perspectiva, ou seja, a gente não tem como saber nem se tudo aconteceu exatamente como Bentinho disse, nos restando apenas acreditar no que ele diz. E se nem Bentinho bate o martelo pra dizer se Capitu traiu ou não, é como o Henry diz: não temos a resposta.

A literatura é fantástica por causa disso mesmo. Como sempre cito o livro de Werther. Uma carta póstuma, endereçada para o melhor amigo chamado Guilherme. E em muitas vezes, quem nos traz para a realidade é o próprio narrador. Pois, na visão de Werther, todos são inescrupulosos e traidores. Agora, pode ainda haver uma outra pergunta: Quem estará realmente certo nessa história? Werther ou seu melhor amigo narrador? Complicado, né? Ótima análise, Henry. Ótimas opções para divertimento e sairmos um pouco da realidade brutal do Brasil.

Dom Casmurro é a versão de apenas um personagem obcecado não só pela Capitolina, mas também pelo Escobar. Em trechos em que o narrador relembra a juventude no seminário existem até comentários que demonstram uma certa dúvida quanto a própria masculinidade. Estou lendo Vou Cuspir no Seu Túmulo do Boris Vian. Já tinha lido a Espuma dos Dias e achei muito bom.

Penso que não traiu. Nossa psiquê é capaz de elaborar teses que na verdade não existiram. Creio mais na insegurança do Bentinho frente a uma mulher que se sente dona de seus sentimentos, duas ações e seus saberes.

Entenderam que é apenas um livro e não tem uma resposta. Simples ♥️✨🤷🏽‍♀️

A dúvida é uma beleza. É uma ferramenta incrível na arte. A dúvida é o que nos move.

Um amigo meu tem uma teoria ótima: Bentinho é gay, apaixonado por Escobar e tudo se trata de projeções desse desejo reprimido

Não sou especialista em Machado de Assis, mas Dom Casmurro me parece ser mais sobre projeções e como elas podem afetar nossa visão dos fatos. E daí a genialidade de Machado. A resposta se Capitu traiu ou não será na verdade a projeção de cada leitor. Eu também acho que Machado de Assis escreveu o livro sabendo da resposta e deixá-la em aberto é elicitar exatamente a projeção dos leitores... a cereja em cima do bolo da genialidade dele 👏👏👏

A pergunta não morre pq a cada ano chegam novos leitores. Machado é eterno!

Não traiu! A história é narrada pelo Bentinho, portanto, é o ponto de vista de um homem ciumento e inseguro. O Bruxo do Cosme Velho fez o seu trabalho de maneira magistral.

Sempre achei essa discussão uma bobagem porque nunca achei que houve traição. Para mim, o casmurro Bentinho não conseguia ser feliz ao lado do seu amor. Acho que ele não se achava à altura de Capitu, por quem era tão apaixonado. O problema dele era excesso de ciúme e falta de autoconfiança. Mas, acho que os bons livros são assim mesmo: acabam com um gostinho de quero mais. Como você disse, o melhor de tudo é mergulhar naquele universo e viver a história como se estivéssemos dentro dela.

Acho que um dos escritores mais honesto quanto ao assunto e David Lynch que sempre diz que a interpretação da audiência sempre está certa. “If there’s 100 people in the audience, you’re going to get 100 different interpretations, especially when things get abstract. It’s beautiful,” Lynch said. “Everybody’s a detective and whatever they come up with is valid in my mind.” Numa questão mais pessoal eu odeio quando ficam discutindo teorias sobre algo que não foi apresentado no filme e dão como certo que aquilo é assim e ponto. Não, não é, essa é parte da graça da ficção.

Eu acredito que você pode estudar com qualquer tipo de livro, desde um romance ficcional à um livro acadêmico sobre mecânica quântica. Tudo vai depender do que você quer buscar nessa fonte. Sobre esse caso, acredito que "pode-se usar" esse tipo de literatura de forma a se auto-projetar nela, assim como tem-se a tedência de enxergar no outro situações que nós estamos vivendo. Alguns pesquisadores em psicologia estudam esse comportamento... nós fazemos isso com os personagens nos livros tanto quanto com pessoas na vida real. O próprio Leon já passou por isso várias vezes, em especial pela cadeira que ele usava nos vídeos enquanto a Nilce usava um banco para sentar-se durante a gravação. Eles falavam de tempos em tempos sobre o pessoal que dizia que a Nilce estava vivendo em um relacionamento abusivo e que o Leon praticamete a torturava. Sobre o que estou lendo. Agora estou terminando de reler A Pedagogia do Oprimido e vou começar a Odisseia.

E dizer que uma mulher deixou um homem amargurado não é o mesmo que dizer que uma mulher ficou amargurado por que foi traída por um homem?

O que não está no livro não existe Isso vale pra Harry Potter também...

Machado lança sempre o benefício da dúvida como ficção. Não é verídico o que o fato não comprova. Para essa época era uma sensação de que o leitor fizesse suas próprias conclusões. Eu achei isso nas obras machadianas essa instigação ao imaginário. Machado é sempre atual estou lendo minha conterrânea Lya Luft Em outras palavras e também O ônus da Prova de Scott Turow muito bom para pensar

Como não traiu pow? Se o filho ficou igual ao Escobar? Mas ele deveria ter amor de pai assim mesmo, o filho não tem culpa. Por que a Capitu traiu? Eu sei lá... Pode ser que ela pensou ''o Bento deve dividir com o melhor amigo''. ;p

Acredito que se debate a anos, pq, as pessoas precisam de respostas conclusivas para algo que se propõem a fazer. Logo, essa dúvida traz incômodo, não por cuidar da vida alheia, e sim, por precisarmos de respostas pra tudo

TwiTTER. vc é brasileiro. Vc é nosso!

Quando vou ler um livro que não possue fatos reais. E só tenho um ponto de vista da história, analiso muito mais o personagem que narra. O Bentinho da provas de todas as formas que ele não é um narrador confiável, vemos o ciúmes dele, a intimidação que ele possue por ela ser mais mulher do que ele era homem. Temos só isso. Não podemos dizer que ela traiu ou não. Se ele está certo ou errado. Só temos um único ponto de vista. Quando eu terminei de ler na época eu pensei "que cara doente, ele deixou o ciúmes consumir o amor que ele sentia por ela". Mas a verdade é que nunca vamos saber.

Eu penso assim: como em "Esperando Godot", quem pergunta quem é Godot não entendeu a peça. O grande lance do Machado em Dom Casmurro é deixar a pergunta no ar, achei isso fantástico. Fazendo uma comparação meio forçada, é concluir erroneamente que Zezé chorava realmente pelo corte de seu pé de laranja lima, quando na verdade, aquele foi o fim cruel da infância dele com a morte do Portuga, no livro do José Mauro de Vasconcelos. É entender erroneamente a figura de Sancho Pança, em Dom Quixote, e por aí vai. É preciso ler as entrelinhas dos livros.

Pois eu já penso que nem mesmo o próprio Machado teria resposta para a traição ou não de Capitu! A história chegou num tal ponto que ganhou vida própria! Machado possivelmente chegou a ter essa dúvida também...

Tô relendo pela enésima vez "Para Tão Grande Amor", de Álvaro Cardoso Gomes. É uma cópia descarada de "Love Story", mas é super efetiva - me emociona sempre.

Porque José dias não gostava de capitu. ?

Alguém tem dúvida???? Nasce ali a semente do tropicalismo... 1 sec. Atrás...

Um amor incondicional por Machado de Assis!!!! Brinca de conta histórias!!!!

Thank you very much.😄👍

Estou lendo Ponciá Vivêncio da Conceição Evaristo. Uma belezura! Esse foi o livro escolhido pelo grupo de estudo de literatura brasileira do qual faço parte em Lyon.

Eu estou conscientemente fugindo da realidade lendo As Mentiras de Locke Lamora. Henry, li Um Cego em Buenos Aires e gostei muito! Gerou boas reflexões, vontade de conhecer a capital argentina e, em alguns momentos, uma vontade imensa de enforcar o protagonista 😁😁. Um abraço!

Concordo contigo, mas gostaria de saber se, na sua opinião, Sim Casmurro é a história de um homem que se tornou amargo depois de sua experiência com uma mulher, mesmo não sendo possível determinar se ela o traiu ou se ele é apenas um ciumento...