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Chegamos em Dezembro, mês que se inicia mundialmente os trabalhos de prevenção e luta contra a AIDS e também um mês para exercer conhecimento, solidariedade, tolerância, compreensão e compaixão com aqueles que sofrem em silêncio infectados pelo HIV.
É difícil estar aqui, colocando a minha cara a tapa e falando pra vocês sobre um dos momentos mais difíceis e dolorosos da minha vida, mas é necessário. A minha dor e silêncio por 2 anos me fizeram chegar aqui, hoje, e poder falar para vocês sobre isso e tirar esse peso que a tempos me faz chorar quase todas as noites.
É preciso sim falar sobre AIDS/HIV (que inclusive, são coisas diferentes) e parar com essa cultura de fazer com as pessoas sofram cada vez mais por estar em suas peles. Durante esses dois anos ouvi muita “piada”, que a AIDS é coisa de “viado”, ouvi gente falando sobre nojo de gente com “essa doença”, teve gente que me culpou, teve gente que me bloqueou, teve gente que fingiu que eu não existia, e muito mais que de pouco a pouco foi partindo mais e mais os cacos que sobraram daquilo que um dia eu chamei de coração.
Espero que esse depoimento e esse ato de coragem motive outras pessoas a viverem suas verdades, tirarem esse peso horrível de suas costas e se amarem em primeiro lugar. Meu nome é Carlos, tenho 22 anos, vivo com HIV normalmente como qualquer um de vocês e eu sobrevivi ao mundo que diariamente tenta me matar e fazer com que eu pense que sou o errado da história. Mas a história é minha e essa é a minha verdade.
Obrigado amigos que nesses dois anos guardaram isso comigo e me apoiaram nos momentos que eu achei que não conseguiria seguir em frente. Meu ex, que independente de qualquer coisa sempre esteve ao meu lado segurando minha mão. Obrigado mãe por estar sempre do meu lado e obrigado minha irmã que também estendeu a mão quando precisei.
Resistência.