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Um dos segredos para uma aplicação eficiente é utilizar água com pH adequado, garantindo assim a preservação da integridade dos defensivos e seus princípios ativos
Sabe-se que o custo de uma lavoura com a aplicação de agroquímicos ou defensivos agrícolas varia de 20% a 30%. A melhoria da eficiência da aplicação pode reduzir o volume de defensivos utilizados em até 40%. É possível obter esse cenário através de conhecimentos em tecnologia de aplicação, o que, além de prover benefícios econômicos, contribui para a segurança ambiental.
Diversos fatores influenciam na qualidade das aplicações e eficácia dos defensivos agrícolas no controle dos agentes nocivos. Dentre as condições ambientais citam-se a temperatura, a radiação solar, a luminosidade, a velocidade do vento e umidade relativa do ar, a umidade do solo e chuva antes, durante e após a aplicação; fatores atribuídos à operação propriamente dita como regulagem e calibração do pulverizador, velocidade de aplicação, pontas de pulverização, tecnologia embarcada, características físico-químicas da água e mistura da calda de pulverização; e fatores relacionados ao alvo biológico como arquitetura de plantas, estágio de desenvolvimento da cultura, mobilidade do produto na planta, hábitos do agente nocivo e parte da planta a ser tratada.
Para a diluição dos defensivos agrícolas e composição da calda de pulverização, normalmente utiliza-se água. Quando há inadequação da sua qualidade físico-química a eficácia do controle é afetada, estando associada principalmente a condição de elevado conteúdo de minerais (água dura) e calda com pH alcalino (acima de sete). Além disso, a presença ou ausência de substâncias químicas, tais como cálcio, cloro, enxofre e magnésio, bem como de elementos em suspensão, a exemplo de argila, areia e matéria orgânica, pode comprometer severamente a eficiência da aplicação e eficácia do controle.
O pH da calda de pulverização possui alta relevância na eficácia do controle de pragas e doenças por defensivos agrícolas
Nesse contexto, o pH da água merece destaque, pois quando inadequado, pode não preservar a integridade dos defensivos e reduzir a atividade de vários princípios ativos. Muito conhecido, o pH define o grau de acidez ou alcalinidade de uma solução em uma escala de 0 a 14, onde 7 significa neutralidade, isto é, mesma quantidade de hidrogênio e hidroxila.
A maioria dos produtos formulados é mais eficiente numa determinada faixa de pH da calda. De modo geral, os defensivos apresentam maior eficiência quando em caldas com pH levemente ácido, variando de 5 a 6. A utilização de caldas com distância muito ampla entre a melhor faixa de ação e a utilizada afeta a estabilidade dos ingredientes ativos no campo e pode tornar o controle ineficaz.
Dificilmente são utilizadas caldas com pH inferior a 3,5, pois abaixo deste valor poderá ocorrer dissociação iônica e precipitação do produto. Neste caso, há a redução da solubilidade e a segregação da solução, o que concentra o produto numa parte e a água em outra, tendo como consequência calda e aplicação não homogêneas. Neste caso, uma parte da área aplicada pode ficar sem controle e em outra, quando o equipamento aplicar o produto segregado concentrado, pode ocorrer fitotoxicidade nas plantas.
Quando há a necessidade de baixar o pH da água, a correção pode ser feita pela adição de um ácido fraco ou de um ácido forte diluído. De forma prática, os agricultores podem utilizar sumo de limão, vinagre ou ácido fosfórico diluído. Outras substâncias ácidas como ácido muriático, cítrico, acético-vinagre, sulfatos etc. também podem ser usadas. Além disso, existem produtos comerciais com esta finalidade.
A utilização de sumos ácidos como o de limão para o ajuste da calda exige aferições do pH a cada preparo, pois o pH varia com a cultivar de limão utilizada, com o grau de amadurecimento e com o teor de água no fruto. Já o uso do vinagre ou ácido fosfórico é facilitado devido a esses produtos terem uma ação acidificante conhecida.
Para exemplificar, o pH normalmente encontrado nas águas da região de Brasília (DF) varia entre 5 e 7. Normalmente as águas de superfície são mais próximas do neutro, variando de 6,5 a 7, já as águas do subsolo, provenientes dos poços tubulares (artesianos), variam de 5 a 7.
Poucas regiões no País possuem águas com pH elevado, acima de 7. Neste caso, elas contêm altos teores de bicarbonatos, sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio. Raras regiões possuem águas minerais e alcalinas, onde o pH pode atingir níveis superiores a 9. Neste caso, muitos defensivos agrícolas reduzem drasticamente a meia-vida hidrolítica, que é o tempo necessário para que 50% do produto deixe de ser efetivo.
Após descobrir a quantidade de ácido necessária, completa-se a quantidade do tanque do pulverizador até a metade, adiciona-se o redutor de pH e o defensivo agrícola e, por fim, completa-se a quantidade do tanque com água até a sua capacidade máxima.