Amora
Durante toda a minha vida,
eu fui vivendo e fui sentindo e descobrindo
como é linda e fabulosa
a alegria que a gente tem
quando a gente se sente bem.
E isso só é possível,
sentir-se bem,
se você pratica o bem para outro alguém,
não importa quem.
Pode ser para uma pessoa rica,
ou para uma pessoa que é um alguém não tem um vintém,
não importa para quem.
Pode e deve ser qualquer alguém.
Pode ser para um cachorrinho,
fazendo um afago em seu corpo,
ou talvez até comprando um pedaço de carne com osso para ele comer.
Não importa.
A disposição de fazer e praticar o bem
é a eterna força que fabrica a felicidade
neste mundo, nesta vida,
e, quem sabe, em outra vida
depois da morte e da ressurreição.
A fé é viver totalmente
todas as horas do dia e da noite
mergulhado e dominado pela poesia.
Acordado ou dormindo
ou escrevendo como estou agora
e, ao escrever agora, caí em gargalhadas
em plenitude de alegria
tão imensa que até mesmo as minhas gargalhadas sem parar
fizeram brotar e nascerem lágrimas cintilantes de luz e mistério
da vigésima quinta hora.
Com meu coração, meus neurônios, dominados pela imagem
da minha filha Amora.
E é bom sempre lembrar que a dúvida é parte essencial da fé,
que é fabricada, como já vimos, pela imaginação poética
25 horas por dia e noite.
A dúvida é quem faz a fé,
que é poesia vivenciada 25 horas dia e noite,
existir em movimento
de transformação e transfiguração
à velocidade da luz
ou até mais veloz que a velocidade da luz.
É na velocidade que um buraco negro leva
para devorar uma galáxia
e, ao mesmo tempo-espaço em que devora uma galáxia,
possibilita a existência de outras galáxias pulsantes
que podem também ser devoradas pelo buraco negro ou não,
e isto só se calcula pelo cálculo da incerteza.
A incerteza permanente é a marca registrada
de tudo isso que se passa no Universo desde o Big Bang.