Samora Machel nasceu em 1933 e foi criado na aldeia de Chilembene. Ele era membro do grupo étnico Shangana e seus pais eram pobres. Os pais de Samora foram forçados pelos portugueses a cultivar algodão, em vez de alimentos como milho, que podiam comer. Na década de 1950, as terras agrícolas de seus pais foram tomadas e doadas a colonos portugueses. Para evitar a fome, seus parentes foram trabalhar nas minas sul-africanas em condições repressivas e perigosas. Logo depois, seu irmão morreu em um acidente de mineração.
Samora frequentou a escola católica e quando não estava nas aulas trabalhava no campo. Estudou enfermagem, uma das poucas profissões abertas aos negros moçambicanos naquela época. Samora sentiu-se atraído pelos ideais marxistas e iniciou as suas actividades políticas num hospital, onde protestou que as enfermeiras negras recebiam menos do que as brancas, que faziam o mesmo trabalho. Ele mais tarde disse a um repórter como o tratamento médico era ruim para os pobres de Moçambique, dizendo: "o cachorro do homem rico ganha mais na forma de vacinação, remédios e cuidados médicos do que os trabalhadores sobre os quais a riqueza do homem rico é construída."
A rebelião contra Portugal não era novidade para Samora Machel. Seus avós e bisavós lutaram contra os portugueses no século XIX. Em 1962, Samora juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique ou FRELIMO, como era chamada pela maioria. A FRELIMO estava empenhada em criar um Moçambique independente. Em 1963 Samora Machel deixou Moçambique e viajou para várias outras nações africanas onde recebeu treino militar. Em 1964 voltou a Moçambique e liderou o primeiro ataque guerrilheiro da FRELIMO contra os portugueses no norte de Moçambique. Samora passou a maior parte do tempo no campo com os seus homens, liderando-os em combate e partilhando os seus perigos e dificuldades. Em 1970, Samora Machel tornou-se comandante e chefe do exército da Frelimo. Ele acreditava numa guerra de guerrilha e o exército da Frelimo estabeleceu-se entre os pobres de Moçambique. Foi um revolucionário que não se dedicou apenas a expulsar os portugueses de Moçambique, mas também a mudar radicalmente a sociedade. Disse ele, “de tudo o que fizemos, o mais importante - aquele que a história registrará como a principal contribuição de nossa geração - é que entendamos como transformar a luta armada em uma revolução; que percebemos que foi essencial para criar uma nova mentalidade para construir uma nova sociedade. "
Os objetivos de Samora deviam ser realizados. O exército revolucionário enfraqueceu Portugal e, após o golpe de Estado em 1974, os portugueses foram forçados a deixar Moçambique. O novo governo revolucionário, liderado por Machel, assumiu em 25 de junho de 1975. Machel tornou-se o primeiro presidente independente de Moçambique e foi carinhosamente referido como "Presidente Samora".