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Você já se sentiu oprimido por suas próprias expectativas sobre como você deveria ser para ser uma pessoa realmente interessante? A gente recebe chuva de mensagens no inbox do soltos de gente dizendo que não se acha inteligente o suficiente, descolada o suficiente, interessante o suficiente…
É claro que ter metas é algo positivo. É sempre bom termos um horizonte para o qual nos queremos guiar. Mas o que acontece quando a gente passa a querer morar no tal "horizonte" e se sente menos potente por não estarmos à altura dessa projeção? É essa questão que dissecamos em mais uma entrevista com o psicanalista Christian Dunker.
Nesta conversa problematizamos o quanto o ideal de eu acaba com nossa autoestima e com nossos relacionamentos amorosos, só a psicanalise salva!
Dunker explica que o "eu ideal" e o "ideal do eu" são dois modos de nos relacionarmos com nossa própria imagem. A cilada é que nos transformamos em espécie de marionetes da nossa auto ficção. Toda vez que a gente edita a nossa própria vida e fala "eu sou assim" no desejo de impressionar alguém ou transmitir alguma mensagem acabamos reféns desse personagem e nos sentimos menos potentes por não estar a altura de algo que nós mesmos criamos.
As redes sociais só complicaram esse mecanismo pois é cada vez mais fácil criarmos versões nossas cheias de filtros e recortes. O perigo é nos tornarmos marionetes dessas ficções. Segundo Dunker, enquanto formos reféns de nossos personagens, nunca vamos conseguir intimidade e transparência com outro. Precisamos ter coragem de dividir nossa própria insuficiência e aceitar a insuficiência do outro.
É impossível querer um amor autêntico sendo um personagem, alerta o psicanalista.
Dunker provoca: O mundo é um teatro, mas isso não quer dizer que sejamos apenas personagens. Para além dos personagens existe o diretor. E aqui a grande pergunta é: quem está dirigindo sua história? Seu desejo ou o desejo dos crushes, da sua família, as fórmulas dos coaches de relacionamento…? Será que não tá na hora de dirigimos nossas próprias peças?
Nesta conversa deliciosa e provocadora falamos ainda sobre a síndrome da impostora no amor e a cilada do querer agradar. Enquanto estamos aprisionados ao tal "ideal de eu" muitas vezes moldamos a forma como agimos a partir do que a gente acha que o outro gostaria que a gente fosse (quem nunca?). Ou seja, nos tolhemos o tempo todo tentando atender um ideal que nem sabemos se é mesmo o que o outro procura. "Isso nos leva a amores impostores e vazios e nenhum dos dois consegue cruzar a linha da imagem e se dispor a se mostrar de forma vulnerável e imperfeita" problematiza Dunker
Para surpreender e criar conexões fortes, é importante que a gente não atenda todas as expectativas, que a gente não queira acertar ou impressionar. E também que a gente não espere que o outro supra todas as nossas faltas. "A gente coloca no outro o que não aceitamos em nós mesmos" explica Dunker. E essa terceirização só leva a mais frustração e ausência de vínculos reais.
É hora de tomarmos nosso superego e voltarmos a tratar o ideal apenas como horizonte não acham?
Confere essa entrevista maravilhosa e comenta aqui qual era o seu "ideal de eu" e como você já se jogou pra baixo por não atingir ele
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