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A história da Celeste ilustra bem como mulheres, em especial mulheres pretas e periféricas, sempre são vistas como propriedade de pessoas ricas e brancas. Desde muito novinha, aos 12 anos, ela trabalha como doméstica e, em certo momento, uma suposta "patroa" a colocou dentro do carro e a sequestrou junto com sua prima, também doméstica.
Celeste e Margarida, sua prima sequestrada e mantida no trabalho análogo à escravidão junto com ela, não podiam sair da casa, não tinham acesso nem comunicação com ninguém. Quando iam junto aos "patrões" no mercado ou na feira, eram vigiadas e sequer olhavam para o lado.
Certo dia, as pessoas que sequestraram Celeste esqueceram a porta da casa aberta e ela conseguiu fugir dali. Mas a vida não ficou melhor após isso porque ela continuou trabalhando como doméstica na casa de famílias ricas da zona sul de São Paulo.
Celeste largou a vida de doméstica quando casou, mesmo tendo uma renda maior que a do seu marido, e casada, começando a ter seus filhos, ela vai morar em uma favela em Mauá, na Grande São Paulo, onde o índice de criminalidade era muito alto.
A vida começou a ficar insustentável ali e a família se muda para Mogi, na Grande São Paulo, em um bairro periférico, e ela começa a trabalhar em uma cozinha comunitária. Ali a Celeste não recebia salário mas se diz feliz de poder ter ajudado tanta gente. À noite ela ainda ia fazer faxina e passar roupa para fora.
A luta da Celeste pela sobrevivência foi bastante árdua, mas ela nunca tira o sorriso do rosto nem ignora as violências sofridas durante toda sua vida. Infelizmente, o crime que as pessoas cometeram contra ela será mais um entre tantos sem punição.
Hoje, mesmo aposentada, com os filhos criados, ela continua bastante ativa. Seu novo hobby, que também é um jeito de virar uma graninha do fim do mês, é a reciclagem dos materiais que ela encontra nas suas andanças pelo bairro. E assim ela vai vivendo e, como ela mesmo diz, "basta fazer com amor que tudo vai".
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