Considerando-se as disparidades verificáveis à produção estatística sobre o acesso ao cuidado em saúde perinatal no país (Pesquisa Nascer no Brasil, 2012), as violências obstétricas dramatizam negligência estrutural histórica, tomados os ainda elevados índices nacionais de mortalidade e de morbidade gestacionais entre pessoas negras e não brancas. Do enfrentamento sistêmico a práticas racistas médicas reiteradas de profissionais e de instituições, a (bem-vinda) ação coordenada de coletivos interessados na humanização do gestar e do nascer negros no Brasil transmutar-se-ia em realidade, diga-se, à luz da implementação efetiva da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) (Portaria 992/2009). Se a produção de conhecimento a partir da intelectualidade negra acadêmica refaz, na contemporaneidade, protagonismo secular à luta antirracismo obstétrico, entretanto, recorde-se que soluções alternativas permanecem guardadas às oralidades familiares e aos mais velhos/às mais velhas negras e negros.
No Canal Preto da semana, a continuidade do debate acerca dos racismos obstétricos frente à humanização do nascimento e à atenção ao cuidado em saúde integral da população negra brasileira via implementação da PNSIPN e resgate de saberes ancestrais.
Fontes de pesquisa: g1 e Ipea.

AGRADECIMENTO:
O Canal Preto agradece às convidadas a disponibilidade, o apoio, a confiança e a partilha de conhecimento. Suas falas são a maior referência utilizada na e para a construção de todo o conteúdo publicado ao longo da semana.
Nathalya Fonseca Camargo - Obstetriz e especialista em Saúde Coletiva. Mestranda em Racismo Obstétrico pela Faculdade de Saúde da Universidade de São Paulo (FSP/USP). CEO do Grupo N&K Cuidados de Saúde, sendo responsável pela Maoni Gestar e Nascer.
Ariana Santos - Mestre em Saúde Coletiva (IMS/Uerj). Especialista em Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos (ENSP/Fiocruz). Apoiadora técnica da Gerência de Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Idealizadora e coordenadora do Projeto Sankofa Atendimento Gestacional.

#ParaTodoMundoVer: no vídeo (plano médio), vemos, nesta ordem de aparecimento, as seguintes pessoas convidadas: Nathalya Fonseca Camargo, uma mulher negra de pele retinta e sem cabelos, veste uma camiseta branca estampada com um bordado em amarelo; e Ariana Santos, uma mulher negra de pele retinta e de cabelos crespos curtos pretos, veste uma camisa com mangas ¾ tipo bufantes branca e usa, além de óculos com uma armação amendoada em preto, um batom rosa sobre os lábios, brincos de extensão média nas cores marrom e laranja e anéis nos dedos médio direito (cravejado com uma pedra em verde) e anelar esquerdo (prateado).
Racismo. Ou você combate, ou você faz parte. Qual dos dois é você?
#RacismoObstétrico #Humanização #SaúdeIntegral #CanalPreto