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Nicolau Maquiavel - O Príncipe
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As transformações sofridas pelo poder político não passaram despercebidas pelos renascentistas, e a principal, e mais significativa personalidade nesse campo foi o florentino Nicolau Maquiavel (1469 - 1527).
Ele assumiu um cargo importante no governo de Florença depois que a família Médici foi afastada do controle da cidade. Trabalhava como diplomata fazendo várias viagens aos grandes reinos que haviam se unificado, e não se conformava com o estado de guerra que se encontrava a Península Itálica.
Na época de Maquiavel as cidades mais expressivas dessa região eram: a sua Florença, Milão, Nápoles, e Veneza. Apesar de seu forte comércio elas eram frágeis politicamente e totalmente vulneráveis a ataques externos. Na época dele era a coisa mais comum uma cidade invadir e dominar outra, por isso a sua preocupação.
Além disso, Maquiavel acreditava que a região italiana só teria a ganhar se fosse unificada. Mas como fazer isso? Essa é a pergunta central de O Príncipe (1515), a sua grande obra prima que iria mudar totalmente o modo dos homens ocidentais enxergarem a política.
Maquiavel é considerado o pai da ciência política moderna porque não escreveu um tratado teórico de como deveria ser o governo ideal. Desde os gregos até sua época, todos fizeram isso.
Sua preocupação não era como deveria ser a política, mas sim em como ela é realmente praticada. Com isso em mente, tendo como fundamento empírico as lições que a história havia dado e como se comportavam os grandes políticos de sua época, ele escreveu um manual de como construir um estado forte e como se manter no poder para governá-lo.
Para isso ele entendia que o príncipe deveria ser guiado pelos resultados a serem alcançados, podendo tudo fazer. Não deveria ficar preocupado com questões morais, o importante era conseguir o poder e mantê-lo. Para Maquiavel, portanto, a política não é atrelada à moral, pois os “fins justificam os meios”.
O príncipe deve usar de todas as artimanhas possíveis, mentir, ludibriar, enganar. É o homem astuto, esperto o suficiente para conseguir o que deseja. Desse modo, para conseguir o poder ele tem que possuir a virtu, ou seja, qualidades especiais que o diferencie dos outros homens. É ela que vai possibilitá-lo a reconhecer as circunstâncias certas (fortuna) para agir como se deve no momento certo. A fortuna é o que muitos chamam de sorte, mas só a aproveita quem estiver preparado.
Esse é o elemento característico do pensamento renascentista nos seus ensinamentos. Maquiavel sabe que existem forças independentes da vontade do homem agindo sobre ele. Mas o homem como um ser racional, dotado de inteligência, não é uma simples marionete jogada de um lado a outro ao sabor do acaso. Ele pode usar sua racionalidade para decidir os rumos de sua vida.
Chegado ao poder, é preciso saber como se manter nele. Para isso, é melhor ser temido do que amado. Maquiavel tinha uma visão pessimista sobre o homem, acreditava que ele é um bicho escroto, que quando tá tudo bem, todo mundo é seu amigo, mas “na hora do vamos ver” todo mundo lhe vira as costas.
Não existe essa de bem comum. Os indivíduos vivem em constante conflito em sociedade, e não dá para agradar todo mundo. Para manter a lealdade de todos é melhor que eles o temam, pois assim é mais fácil de obedecerem e se manterem fiéis. É até bom de vez em quando esfolar um infeliz para que todos vejam que o príncipe não está para brincadeira.
Para o leitor superficial de Maquiavel, O Príncipe o torna, sem sombra de dúvidas, um dos escritores mais sem escrúpulos de todos os tempos. Essa é a interpretação possível para quem analisa essa obra fora de seu contexto histórico.
Maquiavel escreveu essa obra, quando os Médici retornaram ao poder e ele foi posto para fora da cena política. Ele a dedicou a Lorenzo de Médici, o único homem que poderia, aos olhos dele, unificar a Itália e lhe trazer de volta o brilho e esplendor da Roma republicana anterior à ditadura de Júlio César.
Maquiavel era um republicano, e não escreveu uma obra para um governante que quisesse se perpetuar no poder de forma absoluta e despótica.