QUEM FOI TENÓRIO CAVALCANTI.
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, nascido em Palmeira dos Índios em 27 de setembro de 1906 e falecido em Duque de Caxias em 5 de maio de 1987, ficou conhecido como o "Homem da Capa Preta". Ele foi um advogado e figura política brasileira com forte influência no Estado do Rio de Janeiro.
Notório por seu estilo político incisivo, por vezes agressivo, ele ganhou uma reputação lendária. Tenório Cavalcanti ocupou cargos como deputado estadual e federal pelo Rio de Janeiro e também concorreu ao cargo de governador. Sua vida inspirou o filme "O Homem da Capa Preta", dirigido por Sérgio Rezende em 1986 e estrelado por José Wilker.
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Alagoas, filho de Antônio Tenório Januário Cavalcanti de Albuquerque e Maria Cavalcanti de Albuquerque. Ele foi nomeado em homenagem a seu padrinho, Natalício Camboim de Vasconcelos, um industrial e ex-deputado federal por Alagoas entre 1909 e 1926. Seu primo, Joaquim Tenório Cavalcanti, seguiu carreira política como vereador e prefeito de Duque de Caxias.
Sua infância foi marcada pela humildade e pela violência, testemunhando o assassinato de seu pai no sertão nordestino. Aos 19 anos, mudou-se para o Estado do Rio de Janeiro, estabelecendo-se no então distrito de Nova Iguaçu, que posteriormente se tornaria Duque de Caxias. Naquela época, a área era predominantemente rural, com ruas de terra e sem infraestrutura adequada ou saneamento básico, habitada principalmente por migrantes nordestinos em loteamentos pantanosos.
Na região da Baixada Fluminense, Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque consolidou seu domínio político. Em 1936, através do apoio de Getúlio de Moura, um influente político local (que viria a se tornar seu rival), ele ingressou na União Progressista Fluminense e foi eleito vereador de Nova Iguaçu. Seu mandato foi interrompido em novembro de 1937 com o fechamento das câmaras legislativas pelo Estado Novo.
Suas ambições políticas frequentemente entravam em conflito com as elites de Duque de Caxias, resultando em numerosos inimigos que tramavam contra ele, seus familiares e aliados. Em resposta a desafios, Tenório Cavalcanti não hesitava em ordenar execuções. Um exemplo notório foi o caso do delegado Albino Imparato, que foi enviado para conter a influência de Cavalcanti a pedido das elites locais e do presidente Getúlio Vargas. Albino e sua família enfrentaram ameaças, e sua casa foi alvo de ataques violentos.
Em um episódio que atraiu atenção nacional, Albino Imparato foi assassinado em frente à sua casa em 28 de agosto de 1953, com evidências apontando diretamente para a participação de Cavalcanti no crime. As autoridades cercaram suas residências em Caxias e Copacabana, mas intervenções políticas influentes acabaram por desfazer o cerco.
Em 1954, Tenório Cavalcanti fundou o jornal Luta Democrática, que se tornou uma poderosa ferramenta de propaganda política, usada para atacar seus adversários, incluindo Getúlio Vargas, com um estilo sensacionalista que o levou a ser um dos jornais mais lidos do Rio de Janeiro nos anos 60.
Sempre acompanhado de sua submetralhadora MP-40, apelidada de "Lurdinha", presente do general Góis Monteiro, Tenório Cavalcanti manteve uma presença intimidante e controversa, marcada por sua determinação implacável no cenário político carioca.
Cavalcanti enfrentou derrotas significativas em sua carreira política, perdendo as eleições para governador da Guanabara em 1960 e para governador do Estado do Rio de Janeiro em 1962. Esses eventos, somados às crescentes pressões das elites de Caxias, minaram gradualmente seu poder, levando-o ao esquecimento. No entanto, antes disso, ele se envolveu em um dos episódios mais tensos da política brasileira.
Durante um discurso na Câmara dos Deputados, Cavalcanti acusou Clemente Mariani, presidente do Banco do Brasil na época, de desviar recursos. Em resposta, Antônio Carlos Magalhães, deputado baiano e conterrâneo de Mariani, acusou Cavalcanti de ser um "protetor do jogo e do lenocínio" e chamou-o de ladrão.
Diante das acusações, Tenório Cavalcanti sacou seu revólver e ameaçou atirar, causando pânico entre os presentes na câmara. Alguns legisladores tentaram intervir para evitar o pior, enquanto outros fugiram do plenário. Apesar da tensão, Cavalcanti optou por não disparar, provocando risos ao observar o medo visível de Antônio Carlos Magalhães. Ele recolheu sua arma, comentando que só matava homens.
Após esse incidente, suas armas foram confiscadas e seus direitos políticos foram cassados pelo governo militar em 1964, com intervenção direta de ACM. Este evento marcou o fim do poder político de Tenório Cavalcanti, que morreu aos 80 anos de idade, em 1987, após uma vida marcada por altos e baixos na política brasileira.
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