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No concelho de Carrazeda de Ansiães, freguesia de Vilarinho da Castanheira vamos encontrar a "Aldeia dos Moinhos" de rodízio do Ribeiro do Coito, um lugar fascinante, com mais de 10 moinhos, grande parte deles em ruínas, felizmente alguns já recuperados, mas ainda assim, a grande maioria, em verdadeiro perigo de derrocada. Foi ainda no ano passado que visitei este lugar mágico, este ano voltei a visitar novamente, infelizmente encontrei mais uma parede que tinha desabado recentemente.
Trata-se de um património antigo, que urge recuperar, caso contrário poderemos perder toda a magia deste lugar, de uma arte, e um testemunho vivo de como e de que forma se sustentava aqui uma grande comunidade de moleiros, que viviam essencialmente desta arte; uma arte com séculos de história para contar, como eu já tive mais do que uma vez, a ocasião de mostrar noutros videos. sendo eu um verdadeiro fã destes engenhos de outrora.
Localizados junto à aldeia de Vilarinho da Castanheira os moinhos de rodízio recuperados, do Ribeiro do Coito, estão inseridos num espaço de lazer bucólico e campestre. O visitante pode aproveitar o contacto puro com a natureza envolvente enquanto aprecia o engenho empregue na construção destas estruturas oficinais. Já nos finais do séc. XIX, as estruturas molineiras do Ribeiro do Couto são referidas pelo Abade de Miragaia na obra “Portugal Antigo e Moderno” como sendo um dos locais pertencentes à paróquia de Vilarinho da Castanheira, onde existiam 3 fogos habitacionais. Ao longo do século XX este local foi crescendo em importância e em número de habitantes, ao ponto de ser designado localmente como “a aldeia dos moinhos”. Esta designação traduz a realidade do local, onde chegou a habitar sazonalmente uma boa percentagem da população de Vilarinho da Castanheira que se dedicava grande parte do tempo a estas tarefas da moagem de cereais. Ao longo do Ribeiro do Couto podem ser observadas estruturas molineiras tradicionais, com as suas levadas e condutas, diques para desviar as águas para os respectivos moinhos e vários outros edifícios funcionais como por exemplo, fornos de cozer pão, palheiros, pombais e habitações. Todo um conjunto, que ainda podemos apreciar, que testemunha o “modus-vivendis” tradicional desta população nos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX.
COMO FUNCIONAVA UM MOINHO DE RODÍZIO
Falando na linguagem típica, do nome que se usava na época, para designar cada peça mecânicas, do moinho de rodízio.
O cereal é despejado na tremonha, que se encontra presa por barrotes de madeira à estrutura do vigamento do telhado. Após o cereal se encontrar na tremonha este cai para a quelha. Para que a queda do grão seja regular, é preciso fazer vibrar a quelha, sendo esta trepidação feita por meio do chamadouro. O chamadouro é uma peça de madeira em forma de cruz em que uma das pontas se encontra pousada sobre a mó andadeira.
O cereal da quelha cai no olho da mó superior, denominada de andadeira, que se encontra suspensa, apoiada pela segurelha.
Por sua vez as orelhas da segurelha encaixam num cavado efetuado na parte inferior da mó
andadeira e ligam‐se ao veio metálico que atravessa o pouso, nome
pelo qual se designa a mó inferior de maior espessura. Para que o veio
metálico se mantenha no lugar e para que o cereal não caia através do
olho da mó são colocadas duas buchas de madeira no olho do pouso.
Abaixo do nível do soalho, no cabouco do moinho, o veio metálico
entra no lobete, uma peça de madeira que é espigada no pelão e
reforçada com argolas de ferro apertadas com cunhas de madeira. Na
extremidade do pelão encontra‐se o rodízio, que é constuído pelo
penado, que por sua vez assenta no aguilhão. O aguilhão vai rodar
sobre a rela de seixo que está assente no urreiro. O urreio, um
barrote de madeira, encontra‐se semi‐suspenso através do aliviadouro, peça fundamental para o funcionamento do moinho, pois ao
mesmo tempo que suporta a rela e permite que esta rode, também
possibilita afinar a altura entre as duas mós, e desta forma controlar a
produção de farinha mais ou menos fina. A água entra no moinho
através do cubo, situado a um nível superior do cabouco, e é
conduzida pela canalização de granito até à focinheira. É a força da
água arada contra o penado que faz movimentar o rodízio. Este, por
sua vez, transmite a rotação ao veio metálico ou em madeira, à segurelha e à mó andadeira provocando o movimento rotavo que esmaga o cereal.
Existem duas formas de parar o moinho, uma através do barramento da
água à entrada da levada que conduz ao cubo; outra no interior do
moinho através do pejadouro, tábua de madeira que permite
desviar a água do penado parando o rodízio.